Nunca mais vou poder rir-me das tuas piadas, nunca mais vou
poder ir dar passeios contigo pelo Sinçães, nunca mais vou ver naves espaciais,
nunca mais vou ver as estrelas e a lua contigo, nunca mais vou ir para tua casa
e cuidar de ti quando estiveres doente, nunca mais vou sentir o teu beijo nem
aquele abraço que conseguia tornar tudo “resto”.
Fiquei exausta das vezes em que abafava o choro contra a
almofada. Estava farta de ter que ser forte enquanto as pessoas estavam por
perto e tinha de fingir que estava tudo bem e sorrir como se não fosse nada
mesmo quando sentia mil facadas no coração. Só queria gritar para poder aliviar
o que sentia e que foi acumulando ao longo de tanto tempo… Queria poder chorar
sem ter ninguém (excepto tu) a dizer que ia ficar tudo bem e que isto ia
passar, mas depressa conclui que as feridas só iam cicatrizar com o tempo.
Só não quero que te esqueças que fui eu que te amei de
verdade. Mesmo quando te magoei com as minhas palavras, às vezes más, mas com
os motivos certos. Tu sabes que foi tudo em prol de te tentar proteger. Não te
esqueças também que fui eu que cuidei de ti mesmo quando não merecias e mesmo
estando distante, cuidei de ti até no pensamento! Fui eu quem perdi noites de
sono por estares na minha cabeça, a dominar todo o meu pensamento, afinal, não
eram as ditas insónias, eras tu. “Abandonei” muita gente por não conseguir prestar
atenção a mais ninguém a não ser a ti.
Preocupei-me sempre contigo em todos os sentidos; o que
estavas a pensar, o se estás bem, se estás a comer direito, se algo estava
errado, se estavas magoado com alguma coisa e assim. Fui eu que sempre senti
saudades quando ias embora, sem dizer nada, quando te esquecias de mim e me “deixavas”
de lado. Era eu quem se lembrava de ti quando mais ninguém se lembrava, ou já
te esqueceste? Eu dizia-te sempre que tu eras o mais importante para mim e que era
a tua única amiga de verdade, não só namorada.
Era eu que te fazia rir com as palavras simples, mas
sinceras. Era eu que ficava triste e chorava quando tu estavas mal; fui eu que
estive contigo quando mais ninguém esteve. Eu só te queria ver feliz, era esse
o objetivo principal. Muitas vezes esqueci-me da minha própria felicidade, só
para ver a tua. Era eu quem sentia ciúmes, por ter medo de te perder. Ficava
até altas horas a falar contigo, mesmo estando a morrer de sono só para falar
contigo, porque só de ver o teu nome, isso deixa-me feliz. Deixava mesmo! Eu
fazia e fiz um monte de coisas, se não, tudo por ti. (mas voltava a fazer se
fosse preciso!)
Será que outra pessoa faria isso? Pensa bem. Depois de tudo
o que fiz e faço por ti, e tu nem sabes valorizar? Pára para refletir.
Era eu quem te amava, protegia, cuidava, admirava, (gostava
até dos teus defeitos), a que chorava contigo, que esquecia o mundo só para ver
esse sorriso lindo, a que se preocupada quando estavas triste, a que te dava
carinho quando precisavas. E quando me chamavas de chorona? Essas lágrimas correspondiam ao medo que eu tinha de te perder. Perder uma pessoa que já era metade de mim. Que já
era como da família. (tu sabes)
Às vezes ainda sinto o teu cheiro em mim. Bastava fechar os
olhos para me lembrar de todos os momentos que já passamos. Desde aquela noite
que ficamos a falar até às cinco da manhã até quando me disseste pela primeira
vez “amo-te” da forma mais natural possível.
Sinto como se o relógio do tempo tivesse parado e eu insista
em rodar os ponteiros. Fecho os olhos outra vez, e penso nos teus olhos. O
inabalável vacilou, e só restou o beijo que me deste na testa naquele dia. Aquele
sinal de respeito que existia entre nós. O brilho estrelar que desapareceu dos
teus olhos, tornaram o céu ainda mais escuro, sem pontos luminosos que me
guiassem para o norte do nosso amor.
E assim passam os dias. Dia. Noite. Dia. Noite… Não existe
mais nada. Dou por mim, a pensar na tua voz, nos nossos vídeos, no que
escreveste na areia, nas surpresas, na parede do 8º andar, nas gravações do dia
da concentração de motares… São tantas as coisas que me recordam de ti que se
torna ainda mais difícil eliminar-te de mim. Já é involuntário recordar todos
os teus mínimos detalhes, é como diz o ditado, “conheço-te como a palma da
minha mão”. Ou melhor ainda.
Já mudei o meu quarto, já guardei tudo o que me lembrasse ou
pudesse lembrar-me de ti, mas tu insistes em invadir-me. Insistes em impor-te.
Desde o primeiro momento em que eu te vi, eu percebi, que
daquele momento em diante, minha vida nunca mais seria a mesma. Eu não consigo,
e nem ao menos sei se te quero tirar da minha cabeça. Talvez eu esteja viciada,
mas se for assim, não quero largar esse vício, afinal, é o que me faz acreditar
em sonhos e aqueles contos de fadas e romances que costumávamos ver aos Sábados
e Domingos na tua cama.
Talvez um dia eu acorde deste sonho… A pergunta é: será que
vai valer a pena? O ser realista, e entender que não te posso ter em minha
vida, desta forma? Eu amo-te, e essa é a única forma de compreender e explicar
tudo.
Perdemos o sentido. O sentido do antes. As coisas eram muito
mais intensas, agora o que restou foram cinzas, pedacinhos deixados para trás.
As palavras já não assumem o mesmo impacto, agora apenas são… Palavras vazias.
O próprio sorriso que emites já nem é verdadeiro. As vontades e objetivos
desapareceram e agora apenas “sobrevives” ao dia-a-dia.
E acho que já chega de acusações. Não me digas que eu não me
importo, quando na verdade é tu que estás a deitar tudo fora. Cansei da tua
ignorância, do jogo de me fazer correr ir atrás de ti, a partir de agora vai
ser como eu quero. E eu quero deixar as coisas assim, cada uma no lugar errado,
espero que percebas a minha partida e chegues a tempo de me fazer voltar. Não te finjas de desentendido, eu mandei-te uma mensagem naquela tarde porque sabia
que não estavas bem, senti que algo estava mal, mas nunca recebi uma mensagem de resposta.
Afastei-me e presenciei de perto essa tua indiferença em relação à falta que eu fazia na tua vida. Se é assim, então está bem, vou continuar o meu
caminho, vou fingir que não sinto saudades tuas e farei-te acreditar que esqueci as nossas
brincadeiras sempre tão divertidas e tão “nossas”.
Quero que fiques bem, e cuides de ti, e que nunca tires esse
sorriso da cara.
Se precisares de mim, olha para o céu, busca a força que eu um
dia tentei passar-te no brilho da Lua. E se gritares, que seja bem alto e torce
para eu estar perto o suficiente para te ouvir.
Ah! E espero que o Borisinho te faça companhia na "minha" almofada... E que nunca saia de lá.
"Esta é a carta que eu nunca te escrevi"
"Let's just take it slow"
2 comentários:
Carrega sempre essa força enorme.
Óh fofinha, não sabes o quanto concordo com isso!
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