Viagem Alcançavel

Acordei, sim, abri os olhos.
Tive AQUELE sonho, o que se repete vezes e vezes sem conta (…) é o tal sonho. É o tal desejo, o tal objectivo e que nunca chegamos a saber bem o seu final nem entender o porquê.
Só desejava acordar, vestir-me partir numa camioneta que não conheça o destino e comece a aventura, mas sempre que fechava os olhos era como se fosse um teletransporte imaginário.
Seria demasiado fraco se agora perdesse as forças e desistisse de tudo? Seria mau se toda a minha força que eu tinha depositado em ti ou nas pessoas agora não restasse nada dela e baixasse os braços sem oferecer resistência? Seria mau querer acabar com todo este sofrimento de uma vez por todas?
Então no meu sonho tudo deu o inicio.
Comecei a sentir todos os medos por me sentir desnorteada. Senti-me vulnerável, inocente, como uma criança de 10 anos. Vestia uma t-shirt branca, calções azuis e sapatilhas e então deu-me um arrepio e deparei-me com um sitio estranho. Não sabia o que ia encontrar naquele sitio tão desabitado, tão aberto ao meio do nada… Andei. Um passo, parava e olhava para todo o lado como se esperasse alguma coisa do outro mundo e assim sucessivamente… Ouvia sons e vozes que me perturbaram e não sabia o que eram, e então o medo apoderou-se de mim e no meu estado espírito e bloqueei, coisa que não costuma acontecer. Sem saber o que fazer, visto que nunca tinha estado numa situação destas, desisti. Sentei-me.
Com tal perturbação emocional das vozes a ecoarem-se na minha cabeça, começou o primeiro obstáculo. De repente, senti algo gélido, leve e transparente escorrer-me dos olhos sem qualquer motivo superficial; depois desta veio outra, e outra (…) Deitei-me no meio das folhas e olhei o céu azul claro (que me fazia lembrar a felicidade das crianças quando viam o céu pela primeira vez e perguntavam porque é que ele era azul e os pais davam mil e uma desculpas), e decidi repensar sobre o porquê daquela lágrima…
Ocorriam-me mil e um pensamentos confusos, surgiram duzentas mil questões a que não saberia a resposta; as teorias começaram a formar-se e as peças do puzzle começaram a juntar-se.
Fechei os olhos e procurei quem eu era, em função daquilo que eu já pude viver, ver com os meus olhos e assistir a várias peças de teatro, tanto dramáticas como contos de fadas, coisas que sentia com emoção e que pensava que ninguém entenderia. Pelo menos não da mesma maneira.
Reflecti e pensei. Pensei de como fui capaz de gostar tanto de alguém, de sentir uma coisa tão forte a que chamam de Amor, de me sentir tão ligada a ele mesmo independentemente da personalidade ser tão complicada, mas eu sabia o porquê e cria-me uma certa frustração não poder fazer nada para mudar aquilo, só o tempo poderia ajudar (…) mas depois senti-me vazia, incompleta. Foi como se no lugar de isto tudo, surgisse um NADA, um vazio. Naquele momento, só ansiava que alguém me dissesse que era importante para ela ou de um simples abraço que pudesse fazer com que o tempo parasse e ficasse infinito. Mas, desci à Terra.
Voltei a abrir os olhos e estava numa praia.
Tirei a roupa e corri para ela sem hesitação e então mergulhei. Mergulhei bem fundo, atirei-me de cabeça com a pequena esperança de que pudesse por fim a todo o sofrimento.
E então senti a maresia a percorrer todo o meu corpo como se fizesse em mim o efeito do álcool e nos pusesse inconscientes. Dei por mim no fundo do oceano, bem longe da costa.
Pensei em regressar mas depois não encontrei razões para lá voltar… As ondas prendiam-me a elas, enrolavam-me como se fosse propriedades dela, segredavam-me implorando que ficasse com elas, mas não consegui ficar e não soube o porque. Voltei a mergulhar e perdi-me…
Dei por mim a lembrar todos os momentos que tive ao longe do meu percurso a que chamam de VIDA. Todos os sorrisos que me puseram pela sua pequena existência, todas as mensagens bonitas que me fizeram, todos os textos de alguém querido que guardei e li vezes sem conta, todos os sorrisos que consegui por nas pessoas quando acharam que já nada fazia sentido e consegui encontrar a mínima solução para conseguirem superar isso, todos os papéis e bilhetinhos que recebi de pessoas em que tive ao longo do tempo e que agora já não estão comigo no dia-a-dia, se soubessem como isso faz falta… Depois lembrei-me então de todo o sofrimento que já passei e me deitou a baixo e pensei que já nada me conseguia levantar o ego. Faltavam as palavras, faltava o carinho, faltava o que completava o meu quotidiano, faltava a última peça do puzzle e quando tudo parecia não acabar com aquele sofrimento apareciam sempre pessoas que faziam mudar a minha opinião que tinha perante os meus obstáculos.
Apareciam pessoas que sem as conhecer bem, de certa forma “substituíam” a peça que faltava e aos poucos e poucos eu a tornava permanente. Descobri que nem todas as pessoas são iguais, que nem todas cometem o mesmo erro que as outras, que tenho de lidar de formas diferentes com pessoas diferentes, que sentem as coisas de maneiras diferentes das nossas…
Voltei a consciência e abri os olhos. Nadei até não poder mais e regressei à costa. Fraca e sem ar deitei-me na areia quente e fiquei a olhar o céu e olhar o sol.
Os raios de sol infiltravam-se nas minhas lentes de contacto acabando por me fazer sono e adormecer.
Desci a realidade. Está na altura de enfrentar os problemas e superar as utopias …
Com o tempo, espero ganhar a força necessária para um dia poder dizer: Tentei e falhei, mas nunca desisti. Porque desistir, não faz parte do meu Ser.


{Obrigada Cláudia Ferreira Miranda, por TUDO e por seres TUDO!}

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